quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Boardwalk Empire - 1x06 - Family Limitation


Por Adecio Moreira Jr. 

Tudo bem que Boardwalk Empire, a cada episódio, cumpre o que se comprometeu a ser: uma série brilhante. Mas em “Family Limitation”, o que mais me chamou a atenção foram os personagens da obra, aonde chegaram a um ponto de desenvolvimento que já são deveras capazes de se tornarem amostras de qualidade indiscutível aqui. Claro que existem os riscos de tudo o que eu disser ser inclinado e tudo passar a ter outro rumo, mas no episódio em questão, o alinhamento estava nítido.


A começar por Margaret Schroeder. A mulher começou como uma tímida feminista que sofria violência doméstica e lutava por um ideal social na Liga das Mulheres da Temperança, que dentre outras questões estipuladas, havia a discussão da inserção das mulheres na democracia através do voto direto. Pois bem, ao passar a ser uma cúmplice de Nucky, ela se vê cada vez mais apaixonada, e no episódio anterior, finalmente conseguiu tê-lo. Agora, ela tem que lidar com as prerrogativas de ser uma amante – ou outro vínculo nada lisonjeiro. Mas seu entusiasmo em ser inserida na alta sociedade pode ser ilusória, afinal eu havia dito semana passada sobre minha desconfiança de que Nucky está “presenteando” Margaret por questões políticas. E vê-la calando a boca de Lucy foi constatar que ela pode ser venenosa quando quer.

Jimmy e Al Capone são duas figuras importantes aqui. O primeiro, livre da chatice que era Pearl, agora tem seus pretextos para, junto com Sr. Torrio, tomar Greektown e vingar a morte de sua garota, mesmo que ela tenha sido sua meretriz temporária. E Al Capone, apesar de ser um dos personagens mais perigosos mostrados, sempre apresentou seu lado cômico, e ainda mais, um lado sentimental ligado ao seu filho com problemas de audição (ou autismo, o que deu a entender em alguns momentos). Segundo o próprio, ele se vê infeliz por ter “uma mãe italiana, uma mulher irlandesa e um filho burro”, mas a cena em que ele toca no assunto do problema de seu filho para Jimmy com seus olhos marejados revela que Capone é muito mais que um baixinho truculento.

Quanto aos outros personagens não menos interessantes, Lucky Luciano está cada vez mais cheio de fibra com Gillian, a mãe (ainda custo a acreditar) de Jimmy, saindo da fase de impotência sexual, ele mesmo revela que só ela foi capaz de fazê-lo voltar à virilidade. Lucy, a mulher de Nucky, me faz rir em quase todas as suas aparições. A mulher fala como se estivesse sob efeito de algum inebriante e possui uma excitação instintivamente selvagem, com direito a aranhões felinos. E Van Alden!!! Não é surpresa que o cara é um ser interessantíssimo, mas a cena dele se autoflagelando com cintadas nas costas vendo uma foto de Margareth aos 16 anos é a prova de que ele tem muito a ser desenvolvido.

Nucky mais uma vez acaba sendo mais um entre tantas coisas boas avançando em Boardwalk Empire. E isso é um êxito. Nem sempre devemos ter no protagonista a figura mais intrigante. “Family Limitation” foi talvez o episódio mais sexual, com direito a nu frontal masculino de Lucky Luciano, e mesmo que isso seja algo intencional, tudo é sempre tratado de maneira artística e casual, não transparecendo a sua pretensiosidade. Até agora, Boardwalk Empire provou que se candidatar como uma estréia graúda e cumprir isso estão além de uma obrigação, pois a obrigação nem sempre surpreende. E aqui está um exemplo de podemos nos surpreender com algo melhor a casa semana.

0 comentários:

Postar um comentário

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More