Por Adecio Moreira Jr.
Com um segundo episódio apresentando a mesma consistência de qualidade que o primeiro mostrou, Boardwalk Empire é uma jóia em meio a tantas séries de qualidade duvidosa, até mesmo quando se trata de TV a cabo.
A direção - que no piloto ficou a cargo do mestre Martin Scorsese - fica dessa vez por conta de Tim Van Patten, mas que pouco interfere no andamento dramático de uma obra tão bem cuidada em todos os aspectos. Da ambientação histórica que recria com primor Atlantic City, Chicago e Nova York, às abordagens políticas e sociais que o contexto histórico carece.
Nucky Thompson ainda se vê tendo problemas em conseqüência do atentado planejado pelo seu irmão e pelo assassinato do marido de Margaret Schroeder. Logo no início, ele recebe a visita do agente Nelson Van Alden, que não acredita que o então assassinado Schroeder estivesse ligado à clandestinagem do álcool. Ele tem consigo que o homem morto serviu de bode expiatório para um grupo mais poderoso, e Nucky certamente está por trás de tudo, sendo ele o “peixe grande”. Margaret é então induzida ao que falar em seu depoimento, e isso a faz buscar a ajuda financeira do homem que indiretamente matou seu marido. Além desse problema em mãos, Nucky ainda tem que lidar com Arnold Rothstein, o dono da mercadoria que nunca chegou até ele porque Jimmy (o irmão-problema de Nucky) além de roubar, ainda matou as testemunhas. Ou quase todas.
Apesar de não parecer pouca coisa, acredito que todos os acontecimentos acrescentados terão o arco necessário nos próximos episódios. A relação entre Margaret e Nucky, é obviamente um início de um relacionamento envolto a um assassinato. E o envolvimento de uma viúva com o homem que deu cabo do marido algoz não deixa de ser um clichê.
A inserção de um caixeiro tentando conquistar uma donzela parecia ser uma simples apresentação de personagens que pouco iria ser proveitoso. Até que descobrimos que eles funcionavam apenas como ponte de uma revelação a caminho de Baltimore que se mostrou um bom cliffhanger. E Al Capone se mostra cada vez mais importante. Com extrema violência, o famoso gângster de Chicago difere sua imagem roliça, mas que é capaz de espancar um repórter que queria uma simples declaração sua.
Mas o que me chama mais atenção em Boardwalk Empire é a discussão sócio-histórica que dá margem a muitas questões. Numa época em que um aspirador de pó seria uma novidade eletrodoméstica capaz de espantar crianças; o sexo oral era um tabu; ser atriz era sinônimo de meretriz. Tudo numa sociedade que ainda discutia a questão do voto feminino, muito bem afrontado numa cena em que Nucky conversa com seu mentor, Louis Kaestner.
Mas apesar de ainda estarmos nos dois primeiros episódios, sinto que ainda falta um melhor aproveitamento em relação a Nelson Van Alden. O agente tem elementos relevantes para se tornar um personagem profundo, e sendo bem trabalhado, pode vir a ser um digno contraponto de Nucky.
0 comentários:
Postar um comentário