terça-feira, 21 de setembro de 2010

Boardwalk Empire - 1x01 - Pilot


Por Adecio Moreira Jr.

“Não é televisão, é HBO”. Típico slogan, mas que não é maquiagem publicitária. O canal realmente é algo engrandecedor no ramo televisivo. Com uma lista de séries que se tornaram referências na história da televisão (Six Feet Under, The Sopranos, Roma, Sex and the City, entre outras), a tão aclamada HBO se viu ameaçada com o crescimento de outro canal pago: a AMC, catapultada com 3 Emmys seguidos por Mad Men, justamente um projeto renegado pela HBO, que julgou ter altos custos. Adiantou-se então em preparar um projeto escrito por Terence Winter (escritor e produtor executivo de The Sopranos) e dirigido por ninguém menos que... Martin Scorsese!

Na Atlantic City de 1920, a cidade está às vésperas da promulgação da Lei Seca, impedido que o álcool, segundo os grupos mais tradicionais, entre nas famílias para destruí-las. Mas o comércio do produto está justamente à espera desse dia, com direito a contagem regressiva e muita festa. Afinal, o mercado clandestino do composto tende a especular os preços. E isso atrai ainda mais pessoas interessadas no mercado, muitos deles imigrantes. Nesse contexto, o tesoureiro de Atlantic City, Nucky Johnson (Steve Buscemi) se vê ligado ao mercado negro, mesmo que tenha um discurso contrário quando está na tradicional Liga das Mulheres. Seu irmão Jimmy Darmody (Michael Pitt) é um rapaz problemático que voltou recentemente da Guerra, onde lutou contra alemães. Ambicioso, ele faz uma própria liga juntamente com Al Capone (Stephen Graham) para uma ação que pode trazer conseqüências até para o irmão político. Em meio a isso, a jovem Margareth (Kelly Macdonald), grávida e mãe de outras duas crianças e que sofre com o alcoolismo e violência do marido, pede ajuda à Nucky, que se interessa cada vez mais pela moça.

O cuidado técnico certamente seja o grande ponto a favor de Broadwalk Empire. A fotografia, a direção de arte, a trilha sonora, o figurino, enfim, tudo estava de acordo com a melhor proposta de um enredo histórico em um canal tão rico. Afinal foram cerca de 20 milhões de dólares investidos somente neste piloto. E a direção do experiente Martin Scorsese somente confirma que a qualidade do produto é indiscutível. Scorsese mostra uma bagagem justamente no que remete aos temas, pois têm no currículo verdadeiras obras honorárias como “A Época da Inocência”, “Os Bons Companheiros”, e “Cassino” que possui ligações similares no tema. O elenco também acrescenta valorização. Steve Buscemi, que na maioria das vezes achei mais cômico do que sério, se mostra muito bem alocado num viés mais clássico. E Kelly Macdonald, para citar outro exemplo, aumenta ainda mais o charme da mulher em meio a uma sociedade de repressão feminina.

Ainda com tantas qualidades indiscutíveis, nem sempre resulta em êxtase por parte dos espectadores, exceto é claro, ao público que delira com histórias que envolvem máfia e reconstituição histórica. O que já são um alvo bem amplo. Acho muito cedo para dizer que a série vai marcar o ano como um programa que desde já soma sucesso de público, crítica (mais provável) e de prêmios (bem mais provável ainda). Um episódio ainda é insuficiente para avaliar isso. Mas dizer o que foi falho, a meu ver, significa o que não agradou. E isto está justamente em alguns pontos pouco ligados no restante do andamento. Como por exemplo, o federal Van Alden (Michael Shannon), que não teve uma introdução tão boa. Mas pequenos descontentamentos são até bem perdoáveis em vista da grandeza que foi este piloto, que contou com figuras históricas da máfia americana, como Al Capone e Lucky Luciano (vale lembrar que o protagonista Nucky Johnson e Val Alden são personagens fictícios). Tem tudo para ser ao menos, uma temporada fascinante.

Cotação: ****

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