Por Adecio Moreira Jr.
Quando questionado sobre o porquê de Boardwalk Empire ser tão boa, dizer que a forma como os personagens são encaminhados por trás de um contexto histórico excepcional ou pela produção impecável já não são tão suficientes para ficar lembrando em todos os episódios que são exibidos. Já não é mais um elogio. É um fato.
O que resta é saborear os episódios e o que torna prazeroso é justamente encontrar outros aspectos que tornam Boardwalk Empire cada vez mais atraente e obrigatória para os que apreciam um bom entretenimento.
O ponto principal em “Belle Femme” foi certamente o desenvolvimento dos personagens em praticamente todos os núcleos. Apesar de isso ser importante e teoricamente uma regra para os seriados que já conhecemos, nem sempre isso é obedecido apropriadamente por questões de formato mesmo, e nem quero me alongar ditando essas regras de bastidores. O que está em pauta é o estado de quase perfeição que Boardwalk Empire alcançou ao juntar em um mesmo episódio avanços dramáticos, revelações sobre as personalidades de seus protagonistas e clímax alçado em um final muito bem conduzido.
Sempre subestimamos Margaret, mas ela cada vez mais se apresenta como uma mulher de constantes desdobramentos. Ela se encontra bem mais afastada daquela mulher reprimida que nos foi apresentada. Já foi mostrada ela inclusive roubando Madame Jenuet. E agora é uma amante que reconhece a força de persuasão que tem sobre Nucky, ajudando sua ex-empregadora que se vê fazendo agrados quando antes a chamava de fétida. Nucky por sua vez insiste em ser “político até o fim”, como observa muito bem Jimmy, agora de volta a Atlantic City. Ele é o tipo de poderoso que reluta em dizer que encomenda mortes, mesmo quando é óbvio que ele precisa de Jimmy para pôr fim nos crescentes atentados dos irmãos D’Alessio em seu distrito. E essa guerra ainda vai render.
Por falar em retorno de Jimmy, isso faz com que muitas coisas avancem de certas maneiras. Nelson Van Alden está bem mais próximo de cercar Nucky com a prisão de Jimmy, ainda mais com uma testemunha chave na acusação pelo assassinato de cinco pessoas que ele cometera com Al Capone. O que ninguém esperava era que seu capacho Sebso fosse dar um jeito de “queimar o arquivo” com uma cena incrível. Quem não gostou nem um pouco de rever Jimmy foi sua esposa Angela. Animada com um relacionamento a três com o pintor e a mulher deste, além de se vê impedida com o que estava a excitando, ainda perdeu uma oportunidade de trabalho como artista. E a mãe (que mais parece irmã) dele, surpreende Lucky Luciano numa emboscada.
Enganam-se aqueles que pensam que Boardwalk Empire, por ter um tratamento mais artístico, não possa servir como entretenimento entusiasta. Desde que se tenha certa simpatia pelo tema (ou não, necessariamente), a série tem tudo para ser vibrante. Agora então que aconteceu essa guinada em várias situações e uma guerra entre os interesses políticos e mafiosos entre Atlantic City, Chicago e Nova York estão prestes a eclodir, muitas outras cenas se tornarão memoráveis. Assim espero.
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