Por Adecio Moreira Jr.
Em sua penúltima semana, Rubicon comprova que sua qualidade está muito além da apresentação de uma história intrigante. Com muita calma em seu desenvolvimento, fomos apresentados a algo relativamente simples. Seguindo as pistas com muita calma em vários níveis de importância, desaguamos em um clímax digno de um thriller de primorosa direção e atuações precisas que serviram para constatar que Rubicon é uma série que deve continuar sendo prestigiada.
Ao sabermos que Kateb na verdade é um americano chamado Joe Purcell, que se converteu ao islamismo radical, sabemos que o perigo está bem próximo. Em uma narrativa paralela, acompanhamos Joe e seu preparativo para um atentado de grande extensão. Ele aproveita calmamente seu último momento de descontração vendo desenho animado, a última refeição, o último sexo (a masturbação é o que resta) e a última música. Enquanto isso, a equipe da API corre contra o tempo para descobrir onde será o local do atentado e onde estaria Joe. Além de toda essa correria, Katherine é levada por Kale e Maggie para um local seguro, já que ela corre sérios riscos de morte.
Tudo isso é mostrado através de uma edição espetacular. Ao longo de toda a temporada, sempre me perguntava qual era o elo entre a investigação da API (Kateb), a busca enigmática de Will e as pistas deixadas pelo marido de Katherine, assim como a morte de David Hadas. O ponto de intersecção foi encontrado, mas com todo o cuidado para nada parecer tudo muito atropelado. Seria duvidoso se tudo isso tivesse uma singularidade descabida. A tensão ficou evidente, tendo espaço inclusive para uma trilha sonora mais agitada embalando a correria do FBI para montar um centro de depoimentos em Harbor Beach e entrevistar amigos e familiares de Joe Purcell.
O FBI e suas intromissões no trabalho da Inteligência serviram para uma cena no mínimo curiosa. Em dado momento, um agente e Miles sofrem divergências táticas para descobrir onde seria o local propício para Kateb atacar. Spangler interfere dizendo que o FBI deve acatar as idéias de Miles, mas nós sabemos que Spangler está por trás do grupo que se beneficia com essas catástrofes, e um alvo no gargalo que entra boa parte do petróleo para os EUA seria um dos lugares mais vulneráveis que o agente poderia apontar. Ou seja, o FBI nesse ponto estava certo, e Spangler agiu de má fé. Uma cena que poderia ter passado batida, mas que serve como amostra da audácia do chefe da API.
O ator que interpreta Spangler (Michael Cristofer), e o intérprete de Kale (Arliss Howard) foram mostrados num diálogo que serviu como amostra do grande talento dos dois, e também com os meandros do roteiro inteligente de Rubicon. A cena se refere ao momento em que os dois já desacreditam um do outro, mas ambos transparecem uma falsidade social e profissional. O perigo agora cerca Kale, que está ajudando Will em sua pré-descoberta sobre o grupo do qual Spangler participa e onde todos estão expostos.
O final, com a fatídica cena de um atentado de tamanha magnitude comparável apenas ao 11 de setembro traz muitos simbolismos. Do fracasso da API, mesmo com a descoberta tardia de Will, à cena de Spangler sorrindo e Will em seu apartamento, pensativo frente ao seu fracasso. Nessa hora tomei ainda mais consciência de que mesmo com tantos acontecimentos vistos durante o episódio, é nos momentos intimistas que Rubicon se mostra tão comunicativa quando nas cenas verbalizadas. É aguardar com muita ansiedade o último episódio.
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