Por Adecio Moreira Jr.
Os acontecimentos desse último episódio de Boardwalk Empire, quando somados com todo o conteúdo da série funciona como uma grande culpabilidade por tamanha qualidade de roteiro.
O relacionamento entre Nucky e Margaret ainda me confunde. No início, achei que se tratava de algo genuíno. No episódio em que se beijaram pela primeira vez, já achei que era uma atitude de má fé por parte de Nucky. Depois eu passei a acreditar que ele realmente gostava dela, mas agora voltei a pensar o contrário. Inclusive não demoraria tanto tempo para Margaret ter consciência de que ela á antes de ser uma amante, é um peça política de Nucky. E das boas. Seu discurso em defesa de Edward Bader, um político corrupto que está na corrida pela prefeitura, foi uma verdadeira aula de retórica. Mas ali mesmo ela percebeu que tudo o que acabara de dizer foi em favor de um futuro fantoche do homem que ela diz respeitar.
Al Capone, um dos personagens preferidos de Boardwalk Empire, que andava injustamente deixado de lado ultimamente, teve grande destaque aqui. Além de levar uma bronca de seu chefe Sr. Torrio pelas suas atitudes infantilóides (é notável que ele seja uma criança hiperativa), ele ainda teve singelos ensinamentos de tradições judaicas com um senhor na sinagoga. E sua boina juvenil dará lugar a um chapéu tradicional, dando mais seriedade a um dos maiores gângster que se tem notícias. Talvez agora ele se torne o Al Capone que todos os fãs cobram dos roteiristas.
Outro personagem de tem grandes admiradores, Richard Harrow, participou das cenas mais tocantes do episódio. Um sonho atordoado mostrando como era sua face antes da guerra e o desespero da filha de Margaret ao vê-lo sem sua inseparável máscara contrapõe seu antes e depois. E a tal máscara transmite o estado de espírito do “homem de lata” (referência na ótima cena de leitura de O Mágico de Oz, de L. Frank Baum). Aliás, o modo como ele relata seu não reconhecimento frente ao espelho causa de forma direta em Margaret a sensação de que ela se encontra numa mesma situação.
E Nelson Van Alden, coitado, mesmo estando certo sobre a ligação entre a morte do marido de Margaret e Nucky, como também o império de Nucky e o atentado à mercadoria de Rothstein, ninguém dá crédito a ele, que ultrapassa seus limites indo encontrar-se com Margaret e confessando que a admira a noite olhando sua foto com dezesseis anos. Quando o vi pegar a tal foto dela e passando a de Lucy, eu mesmo pensei “Por que ele não vai atrás de Lucy? Ela com certeza é mais influenciável e bem, nós sabemos que nada é mais vingativo do que uma mulher contrariada com um homem”. Dito e feito. Um copo de uísque e já ganha sexo selvagem com Lucy. Nelson não só foi atrás como pegou por trás (Rá).
“The Emerald City” até ultrapassou a cota de momentos relevantes no que diz respeito ao entrave e disputa pelo comércio ilegal de álcool entre Nucky em Atlantic City e Rothstein, de Nova York. E essa briga de cachorro grande - que ainda conta com Jimmy e Chalky, pondo toda sua raiva calculada no pescoço de um dos D’Alessios – será o grande acontecimento que permeará dos momentos finais da história nesta primeira temporada.
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